Admita que me ama

Ambos numa cama daquela loja de móveis planejados que eles sempre visitavam. Por que ela adora sonhar com sua própria casa. E ele adora pensar nos dois tendo a própria casa. Ela ria e se debatia involuntariamente. Ele não parava de fazer cócegas.- Admita que eu sou o melhor no Pôquer, admita! – ele repetia- Nunca direi uma mentira tão grande! – ela diziaConseguiu detê-lo com um travesseiro bem no meio da fuça. Segurava seus pulsos no alto da cabeça, apoiados em almofadas com estampas indianas. Logo seriam mandados para fora da loja.- Admita que me ama! – ela ria- Não amo. – ele brincava- Admita! Ama tudo o que eu faço. Ama quando eu ajeito seu cabelo, amasso sua camisa quando estou com medo, divido o café em duas xícaras e como ando balançando a cabeça.- Não amo, já disse. - Ama meu abraço, minha risada e meu sorriso liso.Ainda rindo, ele tentava desvencilhar-se de suas mãos, mas era impossível. Desde quando ela era tão forte e ele tão fraco?- Ama quando erro no francês e você me corrige. Ama me ver nas minhas peças e como eu sou tão espontânea. Ama até quando estou com raiva e faço aquele bico.A esse ponto ele já havia desistido de lutar contra ela e agora só a encarava, observando aquele olhar inocente. Ela soltara seus pulsos e apenas admirava seu sorriso.- Ama quando fico só te olhando, tentando achar algum defeito. – ela continuavaEles agora já estavam tão perto que era como fossem um só. Magnetismo humano. Os olhos dela já estavam fechados. E as mãos dele acariciavam seus cabelos. Mas os lábios estavam selados. Um atendente os avisou que teriam que parar de fingir que estavam em sua própria casa, ou iriam ser mandados para fora dali. Saíram como se nada tivesse acontecido. Porque nada poderia acontecer.

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