Já se cansou hoje? Não? Então prepare-se uma hora tu vai cansar. Eu já cheguei nesse estágio. Cansei de demonstrar sentimentos que não estou sentindo só pra agradar os outros, só pra me sentir no meio de alguma coisa, ou uma pessoa normal. Cansei de ter que esconder partes de mim que são realmente importantes, que fazem parte do meu verdadeiro eu. Cansei de toda essa hipocrisia. Não, eu não estou sentindo nada no momento, eu não vou mais fingir nada. Não quero rir quando estou sem vontade, não quero demonstrar tristeza quando na verdade eu estou indiferente, ou não sentindo nada mesmo. Faz falta sentir alguma coisa? Faz… Muita! Mas eu simplesmente não sinto nada no momento. E não quer mostrar outra coisa que não seja isso! Cansei desse vazio aqui dentro. Cansei de agradar os outros. Cansei de ninguém me agradar. Cansei de esperar, compreender, aturar, entender, ajudar. Eu quero alguém que faça isso por mim também. Cansei dos outros. Cansei de mim.
Gabriela Rodrigues
Sem titulo.
Guardo em mim uma mina de palavras. As que têm mais valor estão presas bem lá no fundo, e essas que escrevo são as que encontro no subsolo da minha alma. Eu realmente queria entender, porque eu, sozinha, não consigo cavar tão fundo, e porque perto de você, o fundo raso se torna. Me explica?
É como se tudo tivesse se modificado a partir do momento em que te conheci, e pra melhor. Talvez pra preencher aquele espaço vazio que me definhava e que por mais que tentasse preenchê-lo, nunca conseguia de uma maneira exata. O fato é que eu nunca tive alguém de verdade em sentidos anatômicos e internos de espírito. Mas talvez esse fato tenha mudado desde que você apareceu pra mim, jogando todos os meus sonhos no lixo e colocando no lugar momentos de realidade totalmente inesperada.
De certo modo, é engraçado. Tudo que eu imaginava antes de te conhecer vai de encontro contrário ao que você é e ao que me proporcionas. Talvez pelo fato das palavras, na teoria, terem sido todas embaralhadas na prática. E, sinceramente, me agrada mais este ‘livro vivo’ do que aquele cheio de sonhos clichês o qual já vinha por arrancar páginas.
Não saber do que tal ‘livro’ realmente trata, quantidade de páginas... toda essa imprevisibilidade é de inevitável encanto. Eu nunca sei ao certo o que você pensa ao término de um beijo nosso, quando fixadamente prega seus olhos nos meus e faz o mundo todo ficar em silêncio; nunca sei qual vai ser a merda do dia que você vai falar para tirar-me um sorriso da boca; em que cálculo você vai errar, me fazendo raciocinar mais do que posso para localizar o erro, deixando-me atenta a tudo que você fala a cada exercício resolvido; se hoje sua insônia vai atacar ao ponto de você me ligar no meio da madrugada e conversar comigo mil assuntos...
Ontem deitamos no tapete da sala e brisamos falando coisas. E numa dessas brisas, aprendi contigo uma teoria. A teoria da eternidade. Que o ‘pra sempre’ é um mero ‘faz-de-conta’ sentimentalmente irracional, que, lançado por impulso, contribui para que um determinado momento se torne especial ou para quem ouviu tais palavras de alguma forma, sinta-se seguro. Logo, disse-me que nunca me prometeria o eterno, porque uns cem anos de vida diante dele é apenas um começo, e seus vinte três anos não lhe permitiam cometer tal audácia. Que não cometeria tal erro, pois soa como pecado, um mortal prometer isso, quando mais cedo ou mais tarde tal infinito se reduzirá a ‘pó’ junto a um corpo numa cova. Questionou: “Você acreditou mesmo quando alguém disse que ia te amar pra sempre? As palavras são traiçoeiras, os impulsos também, por mais doces e sinceros eles demonstrem ser. Natural do ser humano é errar. Mas o que podemos fazer? Eu, pelo menos, procuro errar menos, sei medir o que falo, e tento, na prática, ir muito além das palavras que compõem as promessas padrões. O meu eterno é o agora, aqui, contigo, pois eu não sei o dia de amanhã.”
Entrelaçou seus braços em meu corpo e mostrou-me seu pulso. Eu vi o relógio, os segundos passavam tão calmos, talvez pelo valor enorme que eles representavam por estarmos tão juntos naquele momento.
Enfim, eu só queria ter a chance de encontrar uma palavra nesse meu garimpo, que significasse e nela estivesse contido todo esse sentimento de mim é oferecido a ti. E mesmo não a encontrando, sei que essas aqui juntas já significam alguma coisa. De qualquer forma, desculpe-me por esses cascalhos. Você sabe, o tesouro mesmo, cheio das pedras preciosas, só consigo encontrar (e te dar) quando estou perto de você.
Cappuccino
– Oi. – Disse ele, animado. Tinha a visto ao longe e feito sinal para que ela viesse até lá. Sentaram-se embaixo de uma árvore.
– Então, já acabou o livro? – Perguntou Sophie, colocando para atrás da orelha uma mecha errante do cabelo cor de mel e sorrindo, interessada.
– Ah, ainda não. – Disse Vincent, parecendo acanhado.
Os dois eram amigos desde a quinta série, e agora, já na faculdade – Eles entraram juntos para Yale – as coisas tinham ficado um pouco estranhas entre os dois. Principalmente porque Vincent tinha se declarado para Sophie no verão anterior... Ele não gostava nem de lembrar.
– Ainda estou no segundo capítulo.
– Ah. – Disse ela, e depois se calou. Olhou um pouco ao longe e depois se virou para o amigo.
– Vincent... Me responde uma coisa? – O garoto só concordou com a cabeça.
– Qual a sua comida ou bebida preferida no mundo? – Indagou.
Sophie era assim, fazia umas perguntas estranhas, no meio do nada, e que pareciam ser para ela de máxima importância. Vincent achava uma graça.
– Essa é fácil, – começou ele, sorrindo abertamente. – café. – A garota franziu o cenho.
– E porque café?
– Por que é amargo. E você Sophie? Qual a sua comida ou bebida preferida no mundo?
– Chocolate. – Respondeu ela simplesmente.
– E porque chocolate? – Perguntou ele, entrando no joguinho.
– Fácil – Disse ela, sorrindo um pouco. – Porque é doce. – Ele riu de alguma coisa, e ela perguntou o que era, curiosa.
– Nada. É só que... É engraçado: Eu gosto de café porque eu sou amargo, e você de chocolate porque você é doce.
– Nada a ver. Você não é amargo. E eu não sou doce. – Contestou ela, corando um pouco na última parte.
– Sou amargo sim. E é claro que você é doce.
Sophie calou-se um pouco, pensativa. Então depois de um tempo, disse, com um enorme sorriso estampado no rosto:
– Pode se adoçar café... E chocolate pode ser amargo.
– Não discuto. – Cedeu Vincent.
E então os dois se beijaram, só porque esperavam por isso há muito tempo. Chocolate e café, juntos. Cappuccino.
Vício memorial
O que eu sinto por você...
Eu ao menos queria entender o porque que o mundo já não me importa mais. Porque parece que sempre estamos a sós. Em a cada rosto que olho pareço sempre enxergar o seu. Parece que sempre que o telefone toca espero que seja você, mesmo sabendo que não é, mesmo sabendo que nunca será... Quando sonho com você sempre espero que sonhe de novo e de novo. Jamais vou cansar de vê-lo, de escutar sua voz, de poder te fazer sorrir, mesmo que seja somente em sonhos... Não me importo mais com o orgulho, se hoje meu coração carrega no peito a paixão, tem nas lembranças cada detalhe seu, sem nem ao menos você perceber, eu reparo bem em você. Não quero perder nenhum olhar, nenhum sorriso, nem mesmo o semblante triste, não quero perder nenhum passo que for dado por você, não enquanto eu ainda poder enxergar, nem enquanto eu poder lhe vê. Ah se eu pudesse escolher viveria em meus sonhos, lá é tudo tão perfeito. E lá eu sei, eu posso te vê, posso te ter, sem mentir, sem esconder que eu amo mesmo você. E como entender todas aquelas canções que me lembram você. E aqueles filmes que parece que contam a nossa história, se realmente houver uma história. E quando eu sorrio e me lembro de algo engraçado que você me fez ou falou. E o que fazer com os dias que sempre são compridos quando não converso com você. Me disseram que eu pareço estar mais feliz, não sei se isso pode se considerar uma verdade. Mais eu realmente me sinto feliz, mesmo quando não há motivos lógicos para estar. Mais só de poder ao menos pensar em você o dia inteiro, só de saber que há qualquer hora posso lembrar que você fez e faz parte da minha vida, mesmo que involuntariamente, mais faz, porque tenho sempre o seu olhar em meus pensamentos. Aqueles seus olhos castanhos tão lindos, que parecem sempre brilhar após um sorriso. Ah! Parece que sinto o calor dos seus braços quando me sinto sozinha. Pareço escutar sua voz dizendo sim quando tudo diz que não. Talvez eu esteja ficando louca, mais se a loucura for o caminho pro seu coração, (...)
Admita que me ama
Estação do amor.
Mas que culpa tenho eu,Se ele se quebrou na estação do amor?
Mamãe, juro que o amei,Mas que culpa tenho eu,
Se pra ele não sou ninguém?Mamãe, juro que tentei,Mas que culpa tenho eu,
Se eu jamais o esquecerei?